O ginasta ousou e fez uma saída de valor alto para aumentar o grau de dificuldade da rotina e brigar por mais uma medalha nas argolas, em que é campeão olímpico em Londres-2012 e prata no Rio-2016
São Caetano do Sul – O ginasta Arthur Zanetti, campeão olímpico em Londres-2012 e medalhista de prata no Rio-2016, ficou fora do pódio nos Jogos de Tóquio, na final das argolas disputada nesta segunda-feira (2/8), na Ariake Arena (nota 14.133, 8º colocado). Arthur Zanetti tinha a quinta nota da qualificação (14.900) e arriscou uma saída mais ousada, em triplo (classificada como G no Código de Pontuação e que aumenta sua nota de partida em três décimos), para manter a sua chance de pódio em uma prova de nível técnico muito elevado.
Teve uma queda quando aterrisou no solo e o desconto de um ponto. Na classificatória ele não fez o elemento que decidiu juntamente com o treinador Marcos Goto incluir na apresentação final. O pódio teve os chineses Yang Liu (15.500), You Hao (15.300) e o grego Eleftherios Petrounias (14.133).
Foi abraçado pelo técnico Marcos Goto, com quem treina desde os 9 anos. “Como o Marcos fala a gente já fez o nosso papel em 2012. Se a gente fizesse a nossa rotina não ia subir no pódio então fomos para o tudo ou nada aumentando a nota de partida com a saída, muito difícil, de muita precisão. Tentamos, arriscamos e dessa vez não deu certo”, disse Zanetti que quer voltar para casa e rever o filho Liam – se emocionou quando disse que está com saudades do bebê, que vai completar 11 meses dia 13.
“Quando vimos que a gente era o primeiro a se apresentar decidimos fazer a nova saída. Se a gente acertasse a chance de estar no pódio era grande, só que o esporte é falho também”, explicou. A opção foi por dificultar a saída aumentando a nota de partida em três décimos. “Eu saio feliz porque arrisquei – sofri para fazer essa saída, machuquei o meu pé várias vezes. Se eu não arriscasse, ficaria triste. Eu arrisquei, não tive o melhor resultado, mas pelo menos saio satisfeito porque coloquei em prática o que eu estava treinando.”
Para não mudar muito a configuração de sua série Arthur Zanetti e Marcos Goto optaram por uma saída de valor alto, aumentando em três décimos a nota de partida. “Fiz minha série normal com uma saída nova – um triplo. Na minha rotina eu fazia um Tsukahara, que é um duplo mortal esticado com uma pirueta e vale D. “Troquei por um triplo mortal grupado que vale G. Estou treinando essa saída há um ano e a chance de acertar era 80%, mas tem o fator competição. Se cravasse a saída tiraria por volta de 15.400 e seria um pódio provavelmente.”
Disse que quer descansar, “relaxar a mente porque Olimpíada desgasta demais”. Arthur levou um macacão do filho Liam na mochila e disse que “agora é voltar para casa e matar saudades”. “Ele é minha maior conquista na vida”, afirmou, emocionado e com lágrimas nos olhos. Preferiu não falar de futuro. “Preciso relaxar um pouco para depois pensar num ciclo olímpico. Quase dois meses fora de casa e eu estava vendo o Liam pelo celular. Trouxe a roupa para ter o cheirinho dele. É só saudades.”
Arthur Zanetti ainda não fechou contrato com São Caetano do Sul, onde treina desde os 7 anos. “Uma coisa boa é que o secretário mudou, agora é o Mauro Chekin que conhece esportes de alto rendimento, e já sei que na volta vamos conversar. Pretendo continuar em São Caetano.”
Arthur Zanetti é atleta da SERC/Agith, tem patrocínio da adidas, Loterias Caixa, Fligth Cargo, Força Aérea Brasileira (FAB) e Bolsa Atleta do Governo Federal.
Saiba mais: www.facebook.com/ArthurZanettiOficial e https://instagram.com/arthurzanetti.